Pharmaceutical Technology Brasil Ed. 5-22

Pharmaceutical Technology 30 Edição Brasileira - Vol. 26/Nº5 observa Caralli. Ela também apresenta o benefício de eliminar problemas de unifor- midade de conteúdo de dose associados a misturas secas, e o processo é diretamente escalável desde a fase inicial até tamanhos de lote em escala comercial, o que reduz os riscos gerais do programa. As formulações à base de lipídios, por sua vez, têm o potencial de oferecer ainda mais vantagens, pois podem ser usadas para aumentar a biodisponibilidade por meio de melhor solubilidade, permeabili- dade e, para alguns IFAs, podem reduzir a perda metabólica por transporte linfático, segundo Caralli. A abordagem específica de encapsulamento, diz ela, é ditada pelas propriedades da solução de envase e a compatibilidade do medicamento com os componentes do invólucro. Administração parenteral Embora a formulação de HPAPIs seja mais frequentemente associada à admi- nistração oral, eles podem ser ótimos para formulação como produtos parenterais. “O desenvolvimento de HPAPIs deve sempre ser realizado considerando o perfil do produto alvo do composto”, observa Lyon. Em um composto desenvolvido para combater doenças pulmonares, uma formulação inalada de ação local pro- vavelmente seria melhor. Sempre que possível, a apresentação oral costuma ser mais aceitável, com base na preferência do paciente. “A entrega parenteral, no entanto, embora mais complicada devido à neces- sidade de esterilidade e um dispositivo de entrega (por exemplo, uma solução estéril preenchida em uma seringa), pode ajudar na adesão do paciente e garantir que 100% da dose seja administrada, particularmente quando o pH estomacal, a presença de alimentos no estômago ou a idade podem complicar a administração oral”, comenta Lyon. Ele também observa que a administração parenteral pode ser útil em um ambiente clínico ou hospitalar onde o paciente pode não ser capaz de tomar medicamentos orais. Existem outros benefícios na adminis- tração parenteral de HPAPIs com certas propriedades físico-químicas. Por exemplo, ao trabalhar com IFAs perigosos, como al- guns agentes quimioterápicos, onde pode ocorrer dano tecidual localizado, a via de administração injetável é claramente a opção preferida, diz Caralli. Fármacos com janela terapêutica estreita e que exibem alta perda de primeira passagem ou va- riabilidade metabólica também devem ser considerados para injeção. Além desses fatores, a necessidade de administração injetável deve ser avaliada, como ocorre com fármacos não muito potentes, segundo Caralli. “Desafios de biodisponibilidade, dosagem do paciente (por exemplo, pacientes hospitalizados) e o início da ação devem ser avaliados ao considerar a via de administração injetá- vel”, comenta ela. Quando a entrega sustentada é de- sejada, a formulação de HPAPIs como injetáveis de ação prolongada (LAIs), como micropartículas bioabsorvíveis e implantes, também é altamente atraente, de acordo com Tom Tice, diretor sênior de marketing técnico global da Evonik Health Care. “Na verdade”, afirma ele, “o critério mais im- portante para os LAIs é sua potência, que se traduz em massa de IFA”. Isto se deve em razão de a massa do IFA, bem como a massa do excipiente e a massa do veículo injetável, contribuírem para o volume total de injeção, que é limitado para formulações parenterais: de 1 a 2 ml para intramuscular/subcutânea e 100 µl para injeções intravítreas. “Muitos LAIs no mercado fornecem HPAPIs de peque- nas moléculas e peptídeos, por qualquer período entre uma e quatro semanas e até seis meses após uma única administração. Conclusão: HPAPIs são candidatos dese- jáveis para injetáveis de ação prolongada, devido à sua potência, dose baixa e massa pequena”, conclui Tice. Várias considerações importantes É importante lembrar, segundo Tice, que a concentração do IFA na formulação, a forma física do IFA e os demais excipientes e carreadores presentes não alteram as propriedades farmacológicas inerentes ao composto. Como tal, todos os IFAs devem ser gerenciados com base em suas propriedades toxicológicas inerentes, pois, sejam potentes ou altamente potentes, a dosagem e a formulação do material do IFA podem afetar as avaliações de risco, con- troles e práticas de limpeza necessários. Ao formular HPAPIs em particular, Caralli enfatiza que a segurança de pacientes e cientistas de desenvolvimento de medica- mentos são de prioridade igualmente alta. “Realizar os estudos não clínicos corretos no estágio certo de desenvolvimento é fundamental para garantir que as estra- tégias de contenção apropriadas sejam aplicadas”, diz ela. A chave para esses estudos, acrescenta Caralli, é usar estra- tégias de formulação e administração de medicamentos que garantam a exposição apropriada e resultem em dados de alta qualidade. “Por causa dos perigos inerentes aos HPAPIs, é importante deixar a ciência conduzir a estratégia de desenvolvimento”, afirma. Dado que os HPAPIs terão uma forte presença contínua em pipelines farmacêu- ticos, que a potência está aumentando e que muitos HPAPIs têm baixa solubilidade e/ou baixa biodisponibilidade, Lyon acredi- ta que haverá uma necessidade contínua de desenvolver e refinar os atuais controles de engenharia, procedimentos e uso de equipamentos de proteção individual, para garantir que os HPAPIs sejam manuseados de maneira robusta, enquanto são formu- lados usando tecnologias de habilitação cada vez mais eficazes PT Referência: 1. V. Rees, “Research Finds 25 Percent of Drugs Contain Highly Potent Compounds” Eur. Pharm. Rev., Sept. 25, 2020.

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