Pharmaceutical Technology Brasil - Líquidos 2019

Pharmaceutical Technology 33 Edição Especial LÍQUIDOS 2019 No Brasil, encontramos versões do cál- cio de fonte mineral para essa fortificação. Dois deles são bem comuns: os sais car- bonato de cálcio (com biodisponibilidade aproximadamente de 69,7%) e o fosfato tricálcico (biodisponibilidade menor, de 38%). Os dois apresentam formas de ab- sorção similares ou melhores se compara- das ao leite, que possui biodisponibilidade de 32,1%. E apresentam contraindicações, como é o caso do acúmulo do mineral nas paredes das artérias. Outra alternativa seria o uso do cál- cio de origem vegetal a partir da alga Lithothamnium, que possui uma capaci- dade absortiva relativamente maior, de aproximadamente 90%, e que não tem contraindicações. O uso de cálcio de origem mineral é a melhor alternativa? Alguns estudos já demonstram que o uso do carbonato de cálcio como forma de suplementação pode aumentar a ex- creção do próprio nutriente pelo corpo, diminuindo também as concentrações do hormônio da paratireoide (PTH), que em níveis baixos pode influenciar ainda mais a retirada de cálcio dos ossos. Tanto o carbonato como o fosfato tri- cálcico já foram estudados e associados com a diminuição da absorção do cálcio no organismo, em casos de consumo regu- lar. Isso afetaria o equilíbrio entre cálcio/ fórforo e cálcio/magnésio, prejudicando a saúde óssea. Este quadro poderia ser mais agravado, se associado a baixas concen- trações de vitamina D. Estes resultados geram um questiona- mento sobre a real vantagem de se utilizar fontes de cálcio de origem mineral. Capacidade de diluição e apresentação Além disso, a eficácia da solubilidade tem sido questionada. Muitas opções de leite enriquecidos foram avaliados na prática, e é observado que a maioria das partículas de cálcio não diluem adequa- damente e ficam depositadas no fundo das embalagens, obrigando os consumi- dores a tomarem medidas para a melhor homogeneização, como agitar o produto antes de ingerir. Já é comprovado que alguns destes sais minerais, como o carbonato de cálcio, pos- suem pouca capacidade de diluição. Ainda assim, estudos abordam que, apesar de níveis diferentes de solubilidade, as opções acabam ficando similares em absorção. Desta forma, vale considerar o uso de uma opção vegetal e orgânica para forti- ficar os leites de origem vegetal, como a Lithothamnium. Alga vegetal Lithothamnium A alga, além do cálcio e magnésio, traz naturalmente mais 70 minerais, oli- goelementos e aminoácidos, nutrientes importantes ao organismo. Esta alternativa de enriquecimento tem sido amplamente utilizada por países euro- peus, é de fácil digestão, livre de toxinas e proporciona produtos enriquecidos que se igualam em quantidades de cálcio do leite de vaca, com uma capacidade altamente absorvível. Em média, 100 ml dos leites vegetais fortificados com o Lithothamnium con- seguem fornecer 120 mg de cálcio de origem vegetal. Uso em diversos setores Considerada como uma macroalga, é uma opção de enriquecimento já muito utilizada para alimentação e melhora da capacidade digestiva de animais e para a correção do solo, na agroindústria. Na parte da indústria cosmética, repre- senta um ótimo estabilizante. Para o consumo humano, representa uma boa estratégia de suplementação, não apenas de cálcio, mas de magnésio, fósforo, ferro, manganês e potássio, de forma equilibrada. Na indústria alimentícia francesa, tem sido utilizada como forma de fortificação de pães há muitos anos. O mercado no Brasil oferece muito espaço para novas opções. Alternativas ricas como esta são capazes de atender diferentes públicos e setores em cresci- mento, como, por exemplo, o orgânico e o vegano n Referências • Dietary Reference Intakes (DRIs): Recommended Dietary Allowances and Adequate Intakes, Vita- mins • Tabela de Composição dos Alimentos (UNICAMP) e U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service. 2001. USDA • PEREIRA, Giselle AP et al. Cálcio dietético: estraté- gias para otimizar o consumo. Rev Bras Reumatol, v. 49, n. 2, p. 164-80, 2009. • Guéguen L, Pointillart A. The Bioavailability of Dietary Calcium. J Am Coll Nutr 2000;19(2):119S- 36S. • Weaver CM, Heaney RP: Food Sources, Supple- ments, and Bioavailability. In: Weaver CM, Heaney RP, editors. Calcium in Human Health, Totowa, Human Press Inc, 2006. p.129-42. • Reis AMM, Campos LMM, Pianetti GA. Estudo da liodisponibilidade de comprimidos de carbonato de calcio. Rev. Bras. Farm 2003; 84(3): 75-79. • Kenny AM, Prestwood KM, Biskup B, Robbins B, Za- yas E, Kleppinger A, et al. Comparison of the effects of calcium loading with calcium citrate or calcium carbonate on bone turnover in postmenopausal women. Osteoporos Int 2004;15(4):290-4. • Heaney RP, Dowell MS, Barger-LuxMJ. Absorption of Calciumas the Carbonate and Citrate Salts, with Some Observations on Method. Osteoporosis Int 1999;9:19-23. • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Tabela brasileira de composição de alimentos-TACO. 2011. • Heaney RP. Absorbability of calcium sources: the limited role of solubility. Calcif Tissue Int 1990;46(5):300-4. • ALEX, BárbaraMonique de Freitas Vasconcelos1&; GONÇALVES, Augusto. Macroalgas e seus usos–al- ternativas para as indústrias brasileiras. • CARLOS, A. C.; SAKOMURA, N. K.; PINHEIRO, S. R. F.; TOLEDANO, F. M. M.; GIACOMETTI, R.; JÚNIOR, J. W. S. Use of algae Lithothamnium calcareum as alternative source of calcium in diets for broiler chickens. Ciênc. e Agrotec., Lavras, v. 35, n. 4, p.121- 125, ago. 2011.

RkJQdWJsaXNoZXIy NzE4NDM5