Pharmaceutical Technology Brasil - Líquidos 2020

Pharmaceutical Technology 11 Edição Especial LÍQUIDOS 2020 do formulador, embora existam algumas abordagens gerais que possam ser aplica- das. A incorporação de um LCT é preferível, se o canabinoide for solúvel o suficiente no LCT e o LogD > 4,7. É provável que for- mulações onde o LCT, ou outro triglicéride, seja o único excipiente, tenham grande variabilidade de pacientes e alimentar. O formulador precisa, portanto, refinar a formulação com excipientes adequados, como surfactantes e cossolventes, para permitir que uma emulsão, ou preferivel- mente, uma microemulsão, seja formada. Idealmente, o canabinoide também deve ser solúvel nos excipientes adicionais. Quanto mais próxima a formulação for de uma microemulsão, menor será a pro- babilidade de haver variabilidade de pa- cientes. Assim como ser capaz de formar e manter a emulsão por meio de diluição no sistema gástrico, também é essencial que a solubilização sobreviva à alteração no sistema intestinal e que a espécie digerida da formulação lipídica também continue a solubilizar o canabinoide por tempo sufi- ciente para que a absorção ocorra. Fulper (Catalent): A seleção de lipídios sempre deve incluir uma avaliação de seu impacto na estabilidade. Muitos lipídios podem, por si, sofrer oxidação. Se um lipídio menos estável for escolhido, por exemplo, para ter como alvo a absorção linfática, então a fonte desse lipídio deve ser avaliada quanto à futura qualidade. Ao selecionar um lipídio para promover a captação linfática, ácidos graxos de cadeia longa são preferíveis, e lipídios insatura- dos são preferíeis a lipídios saturados. A solubilidade deve ser boa na maioria dos excipientes à base de triglicérides. Estudos digestivos in vitro podem ser usados para avaliar a capacidade relativa da formu- lação de manter a solubilidade durante a digestão. Vantagens regulatórias PharmTech: Sistemas à base de li- pídios fornecem vantagens em termos de tempo para atingir a aprovação regulatória? Fulper (Catalent): Lipídios imitam o alimento e participam do processo diges- tivo natural do organismo. Nesse sentido, quando você utiliza lipídios você está tentando criar um efeito do alimento (com menos calorias). No final, outras aborda- gens podem funcionar tão bem quanto ou até melhor, mas na minha opinião, trabalhar dentro do processo de absorção natural do organismo é um bom ponto de partida. Assim que você tiver um melhor retrato da farmacodinâmica envolvida, você pode então decidir se outra aborda- gem pode fazer sentido. De um ponto de vista regulatório, se você planeja produzir uma versão genérica de uma formulação lipídica de marca, pode haver menos preocupação se você manti- ver a mesma abordagem de formulação ou uma abordagem semelhante. E também, é útil que haja um nível de abuso intrínseco desencorajador para formulações à base de lipídios em comparação com outras plataformas de fornecimento. McNaughton (Lonza): De um ponto de vista regulatório, a maioria das tecnologias de aprimoramento de biodisponibilidade é agora considerada como sendo bem entendida e aceita. Geralmente, qualquer tecnologia que for usada para melhorar a biodisponibilidade deve ter como meta a quantidade geral da substância medica- mentosa necessária e minimizar a variabi- lidade na população de pacientes. Quando o canabinoide for pouco solúvel em água e for altamente lipofílico, então sistemas lipídicos oferecem a melhor oportunidade para atingir isso, tornando-os a abordagem mais provável de ser prontamente aprova- da pelos reguladores. Futuras tendências PharmTech: Que futuras tendências você prevê para opções de aumento de solubilidade e biodisponibilidade para canabinoides? McNaughton (Lonza): Podem surgir mais formulações que tenham sido refi- nadas para atingir a melhor biodisponibi- lidade para cada canabinoide. Além disso, podem ser produzidos mais análogos de canabinoides sintéticos, como pró-fármacos ou para modificador outras propriedades da molécula. É possível que muitos desses análogos sejam derivados para promover propriedades que podem ser usadas para aumentar a biodisponibi- lidade, o que, para muitos, é provável que seja combinado com tecnologias lipídicas para maximizar a eficácia com mínima substância medicamentosa. Outros podem ser derivados para melhorar a seletividade e eficácia em áreas específicas, e estes ainda podem exigir desenvolvimento sig- nificativo da formulação para garantir a biodisponibilidade. Fulper (Catalent): À medida que a farmacologia dos canabinoides e do sis- tema endocanabinoide se torne melhor compreendida, eu esperaria que derivados de canabinoides sintéticos comecem a aparecer. Como parte do processo, eu creio que você verá um foco nas alterações moleculares para melhorar a estabilidade e reduzir os problemas de metabolismo, que provavelmente são os dois principais desafios com os análogos existentes PT Referências 1. FDA, ‘FDA Regulation of Cannabis and Cannabis- Derived Products, Including Cannabidiol (CBD),” fda. gov, Public Health Focus, Jan. 15, 2020. 2. E. Samara and M. Bialer, Drug Metab. Dispos., 16 (6) 875–879 (1988). 3. C.J. Porter, N.L. Trevaskis, andW.N. Charman, Nat. Rev. Drug Discov., 6 (3) 231–248 (2007).

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