Pharmaceutical Technology Brasil - Líquidos 2020

Pharmaceutical Technology 32 Edição Especial LÍQUIDOS 2020 centração de sais. Mas, ao mesmo tempo, essa água tem de atender aos requisitos microbiológicos. Materiais presentes na água A água é um solvente universal da maioria das substâncias, principalmente devido às suas características - a água é utilizada por todos os setores da economia em diversos processos industriais. Para tanto, esse recurso é retirado de rios, poços e outros mananciais. Também pode ser captada do mar, caso em que é dessalinizada, o que demanda um processo dispendioso. Mas não basta retirar a água destes locais e em seguida utilizá-la, é preciso tratá-la para retirar suas impurezas. Quando em estado natural, a água contém impurezas que variam do histórico prévio e do contato que esta substância teve com a atmosfera e o solo. Essas im- purezas podem ser matérias em suspensão (partículas não dissolvidas que ficam suspensas no corpo da água) ou matérias em solução (dissolvidas na água). Em ge- ral, são compostos orgânicos dissolvidos, sólidos dissolvidos ionizados, gases dis- solvidos, matéria em suspensão, incluindo micro-organismos e matéria coloidal. A avaliação da qualidade da água, para consumo humano ou uso industrial, não exige o conhecimento de todos os mate- riais nela presentes. É suficiente identificar suas características gerais para, a partir destas, definir os sistemas de tratamento para a adequação da água ao uso final. Essas características são: Dureza total: É a soma das concentra- ções de sais de cálcio e magnésio. Em água doce, suas concentrações podem variar de 10 ppm a 200 ppm e chegam a alcançar valores maiores; já em águas salgadas, as concentrações atingem até 2.500 ppm. Para a águas ser potável sua dureza total tem de ser inferior a 85 ppm. Alcalinidade total: Em geral, deve-se à presença de bicarbonatos de Ca ++ , Mg ++ e Na + , com concentrações que variam entre 10 ppm e 30 ppm. O dióxido de carbono dissolvido na água se torna altamente cor- rosivo. A alcalinidade pode ser reduzida ou controlada por meio de processos de deal- calinização, ou removida pelos processos de desmineralização ou evaporização. Só é potável quando não exceder 250 ppm. Sulfatos: Geralmente estão presentes na água bruta são os sulfatos de sódio, de cálcio e de magnésio. Ocorre grande variação em suas concentrações. De- pendendo da origem da água, os valores variam entre 5 ppm e 200 ppm. Podem ser eliminados por meios de abrandamento, desmineralização ou evaporação. Para fins potáveis, sua concentração não deve exceder 250 ppm. Sílica solúvel ou reativa: Em geral está na água na forma de ácido silícico e silicatos solúveis, cujas concentrações podem variar de 2 ppm a 10 ppm. Estas concentrações não comprometem o uso da água para fins potáveis. Cloretos: Normalmente, os cloretos presentes na água são os de sódio, cálcio e magnésio. Suas concentrações em água doce podem variar entre 3 ppm e algumas centenas de ppm. Em águas salgadas, o valor chega a 26.000 ppm. Podem ser removidos por desmineralização ou eva- poração. A água somente é potável se sua concentração não exceder 250 ppm. Ferro: Presente na água em forma de bicarbonatos. Variam desde poucas até 100 ppm. Quando depositados sobre su- perfícies metálicas, podem contribuir para a formação de pilha corrosiva. A remoção pode ser feita por meio de vários processos: aeração ou cloração em tanques de armazenamento, ou des- mineralização, ou evaporação. Não pode ultrapassar 0,3 ppm para fins potáveis. Oxigênio dissolvido: Presente na forma de O 2 , sua concentração chega a atingir 10 ppm. Quando se encontra na água, corrói ferro e ligas de cobre. Sua remoção das águas de alimentação (que, genericamente, são as que abastecem as caldeiras durante os processos de produ- ção de vapor) pode ser feita por meio de desaeradores. Sua concentração na água não apresenta inconveniente quando esta é destinada a fins potáveis. Matérias em suspensão e coloidais: As quantidades desses materiais são avaliadas pela turbidez e a cor. São encontradas em grande quantidade em águas de su- perfície, por exemplo, as de rios e lagos, e em pequenas quantidades em águas do subsolo. Tanto os materiais em suspensão quanto os coloidais são constituídos pelas mais diversas substâncias, como matéria orgânica, areia, argila, lama, óleos, sílica coloidal, ácidos húmicos, fúlvicos (que resultam da decomposição de vegetais) e orgânicos (por exemplo, bactérias e esporos). Processos básicos de tratamento de água O processo clássico para eliminar ma- térias em suspensão, cor e odor da água consiste em coagular, decantar e filtrar, ao qual podem ser adicionados os processos de cloração e desmineralização. As quantidades de matéria em suspen- são são analisadas por meio da cor e da turbidez. A cor nas águas é produzida pela reflexão da luz em partículas minúsculas chamadas colóides, finamente dispersas, principalmente de origem orgânica e dimensão inferior a 1 µm. Em geral, essas partículas provêm da decomposição de matéria orgânica (em sua maior parte de origem vegetal) e do metabolismo de micro-organismos que vivem no solo. Também podem resultar de descargas de efluentes domésticos ou industriais, lixiviação de vias urbanas e solos agricul- táveis. Compostos de ferro e manganês ou de diversos tipos de resíduos industriais presentes na água também podem lhe conferir cor. Em águas de lençóis freáticos, quando há cor, esta, via de regra, ocorre por causa da presença desses compostos.

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