Pharmaceutical Technology Brasil - Líquidos 2023

Pharmaceutical Technology 6 Edição Especial LÍQUIDOS 2023 Os produtos oculares injetáveis, em par- ticular, apresentam um forte crescimento com o desenvolvimento de terapias gêni- cas e outras terapias avançadas. Mesmo assim, os produtos tópicos (principalmente líquidos, incluindo soluções e suspensões, mas também semissólidos) continuam sendo a forma de dosagem mais proemi- nente dos produtos oftálmicos comercia- lizados e aqueles em desenvolvimento, diz Dr. Robert Lee, presidente da divisão CDMO da LLS Health. Os produtos tópicos são atraentes devido à facilidade de administração, natureza não invasiva e possibilidade de serem administrados no local de ação, tornando-os atraentes para o tratamento de doenças oculares, como conjuntivite e glaucoma. O grande desafio é a entrega, de acordo com Gregg J. Berdy, MD, professor associado voluntário de oftalmologia clí- nica do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington e médico da Ophthalmology Associates de St. Louis, Missouri. As formulações devem ser estáveis, ho- mogêneas e projetadas para que, quando uma gota sair do recipiente do medica- mento e atingir a superfície do olho, ela tenha a concentração apropriada de IFA e atinja o alvo pretendido dentro do olho - a superfície, os tecidos do segmento anterior (córnea, humor aquoso, íris, corpo ciliar e cristalino) ou os tecidos do segmento posterior (humor vítreo, retina e coroide) - fornecendo a dosagem correta. Centralização no paciente em produtos tópicos A adesão do paciente é um desafio. Medicamentos tópicos são fáceis de serem aplicados pelos próprios pacientes, mas não há como garantir que os pacientes o façam na frequência adequada, de acordo com Berdy. “Estudos mostraram que os pacientes geralmente não administram medica- mentos mais de duas vezes por dia, por isso pode ser difícil fazer com que eles apliquem medicamentos oftálmicos com a frequência necessária, em alguns casos. Além disso, as taxas de reabastecimento de muitos medicamentos básicos estão bem abaixo de 50%. Não há como garantir a adesão à medicação, o que exige que os pacientes comprem/encomendem, retirem e então peguem suas prescrições. Quer seja o motivo preço, dor ou esquecimento, a adesão é um grande desafio com os trata- mentos autoadministrados”, explica Berdy. Por esse motivo, Berdy observa que os médicos geralmente preferem medi- camentos intraoculares injetáveis, que podem ser administradas no consultório. Com esses medicamentos, a dosagem ade- quada é garantida. Em muitos casos, ele acrescenta que o esquema de tratamento injetável pode ser de três em três meses a um ano, e os pacientes não precisam se preocupar em repor as prescrições mensalmente por um período prolongado. Além disso, não há preocupação de danos acidentais à superfície ocular enquanto os pacientes aplicam soluções tópicas. Muitas pesquisas têm se concentrado no desenvolvimento de soluções de libera- ção prolongada/sustentada e no aumento da biodisponibilidade das substâncias ativas em formulações. Desafios de administração Os requisitos de dosagem frequente para medicamentos oftálmicos tópicos podem ser atribuídos ao fato de que apenas aproximadamente 5% do fármaco administrado de um colírio padrão é ab- sorvido no sítio de ação, de acordo com Rezak. Existem várias razões pelas quais esse problema existe. Principalmente, ela observa, isso se deve ao caminho complexo que um fármaco deve seguir para penetrar efetivamente no tecido-alvo. Uma gota média de colírio possui 40-50 µL, enquan- to a capacidade do filme lacrimal ocular é de apenas 7 µL, e o olho pode conter somente cerca de 20-25 µL, de acordo com Berdy. Essa situação resulta em um grande desperdício de produto e apresenta uma limitação significativa na administração, observa Rezak. Além disso, o pouco líquido que resta está sujeito à drenagem inata da solução e ao piscar dos olhos, dificultando a manutenção de um medicamento tópico por tempo suficiente para ser absorvido. Dado que existem barreiras e mecanis- mos de proteção significativos na super- fície ocular e que alcançar concentrações relevantes do fármaco em várias partes do olho é tão desafiador, torna-se crucial entender a farmacocinética de qualquer medicamento oftálmico tópico (1). Parte desse conhecimento deve incluir a capaci- dade de correlacionar dados gerados com modelos animais – geralmente coelhos, devido às semelhanças anatômicas e fi- siológicas com humanos (2). Como resultado, alguns sugerem que medicamentos oftálmicos tópicos bem- -sucedidos no tratamento de doenças dos segmentos anterior e posterior do olho devem ser altamente potentes e adminis- trados apenas no olho, evitando a entrega da dose tópica na circulação sistêmica (1). “Sem incorporar ingredientes dife- renciados ou tecnologias que ajudem a superar esses desafios, a administração frequente do medicamento é necessária para manter um nível eficaz do medica- mento”, diz Rezak. “Além da diminuição da adesão do paciente devido à inconve- niência adicional de administrações mais frequentes, a toxicidade e a superdosagem podem se tornar um problema, assim como o aumento do custo ao lidar com um IFA caro”, continua ela. Em condições oculares externas A maioria dos medicamentos oftálmicos tópicos é formulada como líquidos que são administrados sob a forma colírio. Esses medicamentos geralmente tratam problemas da superfície do olho ou de tecidos do segmento anterior, incluindo problemas agudos e condições crônicas. Colírios também foram formulados para tratar abrasões superficiais e infecções e para prevenir o inchaço da retina após cirurgia, de acordo com Berdy. O uso mais comum de colírios hoje, observa ele, é para o tratamento de glaucoma. Esses tratamentos assumemmuitas formas, mas todos devem atingir a córnea e penetrar na câmara anterior para serem eficazes. O primeiro tratamento tópico para presbiopia (endurecimento do cristalino relacionado à idade) foi aprovado em 2021 (3), e vários outros candidatos estão em desenvolvimento. Esses medicamentos modulam o tamanho da pupila ou alteran a espessura do cristalino. Atualmente, novos tratamentos para xeroftalmia estão em avanço na clínica (4). Bioadesão Apesar dos desafios para o tratamento de doenças da parte posterior do olho, existem vários candidatos em desenvol- vimento para o tratamento de doenças do segmento posterior ocular, incluindo degeneração macular relacionada à ida- de, retinopatia diabética, edema macular diabético, oclusão da veia retiniana e neuropatia óptica glaucomatosa (1).

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