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Entenda a embalagem da Pfizer, que garante até 50 dias de conservação


 

Com o planejamento adequado, é possível aplicar o imunizante em toda a população, mesmo nas regiões mais distantes do Brasil

O armazenamento e transporte de imunizantes em baixíssima temperatura voltou ao centro do debate essa semana, depois que o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou na CPI da Covid-19 que a farmacêutica apresentou ao governo brasileiro em outubro de 2020 a caixa para armazenamento correto das vacinas. Mas, afinal, é possível fazer a distribuição desses produtos, sem que as propriedades físico-químicas (bem como a eficácia) sejam prejudicadas, mesmo em um país tão grande quanto o Brasil? Como funcionam essas caixas?

Ricardo Agostinho Canteras, especialista em logística de cadeia fria, explica: “são embalagens testadas e validadas, que a empresa garante que com gelo seco são capazes de conservar o material genético das vacinas por até 15 dias. Além disso, a Pfizer confirmou também que é possível fazer a substituição/renovação desse gelo seco por mais duas vezes sem comprometimento do produto. Ou seja: com a manutenção adequada essas caixas garantem uma conservação de 45 dias da vacina fora do Centro de Distribuição”.

Essa vida útil mais longa fora dos freezers é o que permite que o imunizante seja transportado para regiões mais afastadas sem qualquer tipo de prejuízo. Além disso, a farmacêutica garante que, sob refrigeração comum (de 2 a 8ºC), o material genético não se degrada por 5 dias. São, então, 50 dias de prazo, desde a saída do centro de distribuição até a aplicação no paciente.

Com a notícia mais recente de que o Governo Federal assinou contrato para mais 100 milhões de doses da Pfizer, é preciso, porém, que o planejamento logístico seja feito com cautela, para que nenhum erro prejudique o andamento do Plano Nacional de Imunização. Isso inclui desde um mapeamento rigoroso dos centros de distribuição até atenção ao estoque de gelo seco disponível em solo nacional.

“A melhor estratégia, para mim, está diretamente ligada com o mapeamento. O Ministério da Saúde tem que mapear quem tem capacidade de armazenar, baseado nisso será possível saber em quais pontos do Brasil ficarão os Centros de Distribuição, para a partir daí ser analisado como atingir os demais municípios. Então, por exemplo: se tivermos um Centro de Distribuição em Recife (PE), um em São Paulo (SP) e um em Brasília (DF), a logística rápida deve permitir que, saindo do nordeste, centro oeste e sudeste, todas as outras demais regiões recebam em poucos dias o carregamento, utilizando as embalagens”, exemplifica o executivo, que é também diretor Comercial e de Operações da TEMP LOG, operadora logística especializada nos serviços de armazenamento, fracionamento e transporte para a indústria farmacêutica.

Sobre o gelo seco, o desafio se dá pela queda na produção mundial, já que ele é um subproduto do etanol - cuja produção diminuiu ao longo da pandemia – e pela particularidade do transporte aéreo.

“O gelo seco limita a capacidade de transporte em aeronave. Para realizar uma transferência de vacinas de um estado para o outro em um modal aéreo, você tem um limite que uma aeronave pode levar dentro dela de dióxido de carbono (gelo seco), por ser um produto perigoso. Com a capacidade aérea restrita, é preciso que o planejamento rodoviário seja ainda mais criterioso, tendo em vista que o transporte por terra é mais lento”, comenta Canteras.

O executivo ressalta, no entanto, que o desafio que deveria já estar resolvido é a aquisição de mais vacinas, independente da temperatura, da farmacêutica envolvida ou o país de origem. “Deveríamos estar comprando o máximo possível de vacinas, independente das adequações e planejamentos que fossem necessários. A única solução para a pandemia é imunizar o maior número de pessoas, no menor espaço de tempo possível. Por isso, as 27 centrais estaduais, as 273 regionais, as mais de 3 mil municipais: toda essa rede deveria já estar preparada para receber qualquer tipo de vacina”, finaliza.

 
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